quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ela.

Eu nasci pura lógico, sem saber que no coração dos outros poderia haver maldade,
Ou que na maldade de muitos não haveria se quer um coração.
No dia em que descobri o que era amar alguém aprendi imediatamente o que é se machucar,
Entendi como era possível sofrer por amor, aquele lindo que te faz desenhar corações na última folha do caderno lembra?
É, ele quase sempre dói, em mim doeu, e eu senti vontade de rasgar as folhas, de riscar os nomes, de apagar da memória,
De chorar até cansar, e quando isso acontecesse deitar-me no rio de lágrimas e afogar-me nas lembranças.
E foi assim que eu deixei de existir por um tempo e ela tomou conta da situação.

Ela chegou deixando claro o que queria, ou o que não queria,
Decidida, intolerante aos sentimentos alheios, livre pra livrar-se dos seus,
Foi muito intensa em tudo que fez, muito verdadeira em tudo que falou,
Muitas vezes áspera, seca, gelada.
Ela se divertiu, deu gargalhadas, mas feliz mesmo nunca foi,
Quando sentiu falta dessa tal felicidade que via nos outros rostos ela buscou,
Procurou em todos os lugares, mas esqueceu de olhar pra dentro de si,
Então ela me chamou de volta.

Agora eu voltei,
Intensa como ela, porém sensata,
Um pouco mais doce,
Mas sem perder o azedo que ela me deixou, é claro,
Sou agridoce.
As palavras continuam fluindo sem freios,
Mas agora não saltam como flechas da minha boca,
Saem como um rio, as vezes forte,
Flexíveis, e sempre se moldam as pedras que vem pelo caminho.
Ai que saudade eu senti de borboletas voando no meu estômago!
Hoje eu vôo com as borboletas, pra longe de tudo que me prende a ela.
Ela gostava do gelado, sempre gelado,
Eu devo adimitir que gosto, mas ainda prefiro o quente,
Gosto que ferva, queime,
Adoro ebulições.
Até aceito o gelado, mas morno jamais!

Não sei se ela volta um dia, e se voltar quando será esse dia,
Mas eu estou aqui, estou pronta pra viver por nós duas,
Vou ensinar pra ela como é bom ser flor e não espinho.
Vou ter, pensar, fazer, vou ser,
Eu.

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