quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cheio de você

Eu sempre ouvi todo mundo discutindo a questão do copo meio cheio ou meio vazio,
Normalmente escolhem o meio cheio, até ontem foi a minha escolha também,
Mas hoje eu quero o meio vazio.
É, quero sim, não estou ficando louca, vou explicar meus motivos...
Nunca gostei de nada imposto a mim, e aprendi que desperdício é pecado,
Se me derem um copo meio cheio de alguma coisa eu tenho que encher pra ele ser completo,
Mas nesse caso misturar não daria muito certo, tem que ter pureza ali,
Não podendo misturar eu vou ter que completá-lo com algo que já tenha nele,
E se o que tiver dentro não me agradar? Não quero pecar...
Então me vê aí um copo meio vazio por favor!
Quero terminar de esvaziar e encher do que for de meu agrado,
O que tiver nele eu jogo fora e aí ele tá pronto pra ser cheio outra vez.
Mas por que não jogar fora o que tem no meio cheio?
Porque é melhor jogar fora quase nada do que quase tudo.
Agora meu copo de quase passou a ser totalmente vazio,
Prontinho pra ser cheio, e já sei do que quero enchê-lo,
De você,
Quero que transborde de você, quero beber até que mate por completo minha sede,
Se isso não acontecer já sabe né?
Vou encher mais uma vez.
Porque eu preciso do teu sabor seja ele qual for.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ela.

Eu nasci pura lógico, sem saber que no coração dos outros poderia haver maldade,
Ou que na maldade de muitos não haveria se quer um coração.
No dia em que descobri o que era amar alguém aprendi imediatamente o que é se machucar,
Entendi como era possível sofrer por amor, aquele lindo que te faz desenhar corações na última folha do caderno lembra?
É, ele quase sempre dói, em mim doeu, e eu senti vontade de rasgar as folhas, de riscar os nomes, de apagar da memória,
De chorar até cansar, e quando isso acontecesse deitar-me no rio de lágrimas e afogar-me nas lembranças.
E foi assim que eu deixei de existir por um tempo e ela tomou conta da situação.

Ela chegou deixando claro o que queria, ou o que não queria,
Decidida, intolerante aos sentimentos alheios, livre pra livrar-se dos seus,
Foi muito intensa em tudo que fez, muito verdadeira em tudo que falou,
Muitas vezes áspera, seca, gelada.
Ela se divertiu, deu gargalhadas, mas feliz mesmo nunca foi,
Quando sentiu falta dessa tal felicidade que via nos outros rostos ela buscou,
Procurou em todos os lugares, mas esqueceu de olhar pra dentro de si,
Então ela me chamou de volta.

Agora eu voltei,
Intensa como ela, porém sensata,
Um pouco mais doce,
Mas sem perder o azedo que ela me deixou, é claro,
Sou agridoce.
As palavras continuam fluindo sem freios,
Mas agora não saltam como flechas da minha boca,
Saem como um rio, as vezes forte,
Flexíveis, e sempre se moldam as pedras que vem pelo caminho.
Ai que saudade eu senti de borboletas voando no meu estômago!
Hoje eu vôo com as borboletas, pra longe de tudo que me prende a ela.
Ela gostava do gelado, sempre gelado,
Eu devo adimitir que gosto, mas ainda prefiro o quente,
Gosto que ferva, queime,
Adoro ebulições.
Até aceito o gelado, mas morno jamais!

Não sei se ela volta um dia, e se voltar quando será esse dia,
Mas eu estou aqui, estou pronta pra viver por nós duas,
Vou ensinar pra ela como é bom ser flor e não espinho.
Vou ter, pensar, fazer, vou ser,
Eu.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Vidros quebrados,
Cacos no chão.
Dias perdidos,
Mais solidão.
Paixões que te prendem como em uma teia,
Restos de amores escorrendo pela veia.
O reflexo visto no espelho não é mais o teu,
O pouco que restara de ti, se perdeu.

Papéis ficaram amarelados, outros por ti já foram rasgados,
Canções que te embalaram ao dormir, hoje te fazem querer sumir.
Beijos um dia ardentes de desejo,
Já não passam de...apenas mais um beijo.

E a vida vai seguindo,
O que ficou vai saindo,
Deixando espaço ao que vai chegar,
Quem está vindo, vem pra ficar.

Tudo nascerá novo cada vez que o velho surgir,
Mesmo que morra, continuará vivo aqui.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

(*)

Um tempo que antes era uma eternidade, hoje parece apenas poucos dias.
Momentos que um dia foram bobos, agora significam mais do que esses dias que passaram.
Aquela estrutura inabalável já não se mantém mais de pé tão facilmente, um suspiro faz desabar.
Os sentimentos que eram guardados pra não sei quem, que viria não sei quando, hoje são espalhados pelos ares.
As palavras que foram guardadas em silêncio, hoje são gritadas em canções e sussurradas em versos.

Há muitos anos eu tenho andado de mãos dadas com uma menina,
Uma menina linda, de olhos encantadores, de voz doce, gestos suaves.
Ela é delicada com uma flor, mas sabe ser resistente como um espinho...
Depois de tanto tempo andando comigo ela me observara muito bem,
E hoje ela me disse que tá na hora do casulo se romper, do gelo ser quebrado.
Ela olhou nos meus olhos e disse que eu não preciso ser dura pra não me ferir,
Que eu posso tirar minha armadura, ser de pele, carne, osso, lágrimas e sangue.
Eu que confiei nela durante todos esses anos, então vou confiar mais uma vez,
Soltei sua mão e agora seguirei sozinha, irei confiante na verdade que eu vi naqueles olhos.

O gelo enfim derreteu, agora é só deixar esse rio correr solto.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

:)

Eu estou pronta pra entrar nesse quarto escuro sem estrelas cintilantes,
Vou arrancar de dentro de mim todo e qualquer medo que insiste em me consumir,
Atravessar o breu com uma lanterninha na mão, um pingo luminoso de coragem que eu achei perdido entre o meu acervo.
É muito bom contar com amigos, família, auto-ajuda e o que mais houver,
Mas chega uma hora que a gente tem que seguir sozinho,
Deixar pra trás tudo aquilo que te prende ao chão, é hora de voar.
Não estou falando de guardar as inseguranças no fundo da gaveta não, mas é de jogar fora mesmo!
A gente perde tempo por só observar,
É pra se perder?
Irei com tudo.
Depois me encontro,
Se não me encontrar, me recrio.
Esse quarto escuro sempre esteve com suas portas abertas pra que eu pudesse entrar e acender a luz que tem em algum cantinho escondido por lá, eu nunca fui...
Hoje essa porta está quase fechada, mas eu vou entrar.
Quero descobrir o que se esconde lá,
Às vezes é bom não ver o que te espera, não saber o que vem pela frente.
Se antes era medo, hoje é certeza de querer!
Não aproveitar a vida como se deve é se matar um pouquinho a cada dia,
É jogar pela janela a porção de felicidade que te cabe,
Tolice.
É o mesmo que não se jogar no mar por medo de molhar os pés, absurdo!
Chegou a hora de parar com o choro abafado pelo travesseiro,
De cantarolar baixinho,
De reter sorrisos,
De sufocar vontades,
De alimentar saudades,
De matar desejos.
Esse quarto escuro não me assusta mais, eu acendi suas luzes, vi o que tinha lá dentro, Sinceramente? É muito mais bonito do que eu poderia imaginar.
Pendurei uns sorrisos por lá,
Espalhei uns beijos,
Ficou um charme, agora me sinto em casa!
Deixei muita coisa pra trás, só trouxe comigo o que de fato vou precisar,
Muita vontade de ser cada dia mais Audrey Duarte.
Já faz um tempo que eu falo em reinventar e pouca coisa havia mudado,
Pois bem... A minha estréia acaba de acontecer!

sábado, 1 de novembro de 2008

(?)

Às vezes eu queria ser uma super-mulher, daquelas que só existem em filmes e que são capazes de tudo, ao mesmo tempo vale ressaltar.
Trabalhar, estudar, sair, dançar, seduzir e ainda ter tempo pra continuar linda.
Outras vezes eu só desejo ser uma menina cheia de sonhos e ilusões que só existem na minha cabecinha,
Construir cabanas no meu quarto e me abrigar lá dentro, me esconder dessa super mulher que vez ou outra insiste em me perseguir.
Por falar em filmes eu já perdi as contas de quantas vezes chorei vendo filmes repetidos, ouvindo músicas antigas, relendo cartas de pessoas que passaram por mim,
E mais difícil ainda é contar os momentos que eu tive que segurar alguém pela mão e mostrar toda a minha força (força que nem eu sabia ter),
Teve dias que eu me desesperei, chorei, me descabelei, solucei e depois vi que só o que eu precisava era respirar fundo, que logo tudo ia passar.
Dramática, sentimental, passional, sonhadora, criança, maluca, palhaça, chorona, moleca, amante, amada, carinhosa, carente, intensa (foi assim que a minha melhor amiga me definiu)...
Horas forte como uma rocha, horas vulnerável como um castelo de areia,
O que tem suas vantagens, o vento pode derrubar, mas sempre é tempo de reconstruir,
Fazer novas pontes, abrir novas portas.
Aquela super-mulher capaz de fazer tudo ao mesmo tempo certamente não é capaz de sorrir enquanto o seu coração é partido, ou de chorar deliberadamente quando uma felicidade gigante a invade, eu sou.
Ser linda sempre pra que? Bom é acordar descabelada, com o rosto amassado e liberar logo um sorriso quando lembra do sonho bom que teve.
Correr descalça na areia da praia, se jogar na cama sem tirar os sapatos, subir nas árvores pra se esconder na sua fortaleza, soltar pipa com o seu super-pai, jogar futebol com ele(mesmo sem ter o menor talento), se lambuzar de chocolate e lamber os dedos depois, tomar banho de chuva sem pensar no resfriado que vai chegar no outro dia...
Hoje eu não to querendo ser nem mulher nem menina, nem a louca desvairada nem a sensata ao quadrado,
Eu não sei se to precisando mais de um beijo na testa e um cafuné pra me acalmar ou um beijo de língua e uma pegada forte que me faça suar.
Deitei e revirei nos meus sonhos antigos, e tenho que confessar que alguns me incomodaram bastante, to precisando trocar,
Eles são como colchão, se começam a te impedir de dormir bem ta na hora de providenciar um novo.
Então eu vou indo, porque na verdade vou ter que trocar toda a mobília da minha casa, nada mais aqui me satisfaz, aliás...nem nessa casa me cabe mais.