Hoje meu pai me pegou nos braços e saiu correndo comigo pela casa,
Disse que ia me jogar na piscina de roupa e tudo,
Tudo brincadeira, só pra tirar minha mãe do sério,
Como há muito tempo não fazíamos.
Foi tão bom!! Me senti a menininha dele novamente...
A que sempre que tinha algum medo corria pro colo dele,
Se escondia naquele peito largo, fechava os olhinhos e apertava-o,
Só pra saber que ele tava ali, e fazia isso até o meu medo passar.
Aii que saudade das inúmeras vezes que eu me joguei na cama dele ainda de meia voltando da escola,
Cheia de coisas pra contar, numa animação que só vendo!
E ele mesmo cansado de um dia inteiro de trabalho me ouvia atentamente,
E no final comemorava comigo minhas pequenas conquistas diárias.
Jogos internos da escola...Nunca tive o menor talento pra esportes, mas sempre gostei muito,
Ele mesmo sabendo que eu não levava jeito me apoiava, ia ver meus jogos de futebol,
Ahh que jogos! Ele vibrava a cada chute certo na bola,
E quando o jogo acabava me dava um abraço e dizia que eu tinha sido ótima. (Palavras carinhosas de pai, lógico.)
Na primeira vez que eu quebrei o braço ele tava lá comigo,
Me segurando nos braços e dizendo que logo a dor ia passar,
Breve eu estaria pronta pra outra.(E muitas outras vieram!)
Ele sempre gostou muito de cantar, e eu como uma boa ouvinte aprendi a gostar de boa música com ele,
Motivada pelo talento dele passei a cantar também, de um jeito meio torto, envergonhado, quase que calado.
Nunca vou esquecer da primeira vez que ele me ouviu cantar de verdade na igreja,
Quando meu nome foi chamado ele baixou a cabeça,
Encostou-a no banco e pensou: 'Ela não vai chegar até o fim, a vergonha não vai deixar.'
(Eu sei o que ele pensou, porque ele me contou depois.)
E não iria chegar mesmo, mas fechei os olhos e me imaginei no colo dele, protegida, então eu cantei,
Soltei a voz, quase não me ouvi, o medo me deixou 'demente',
Mas quando abri os olhos, automaticamente olhei pra os dele,
E brilhavam, brilhavam pra mim, por mim.
Ele se emocionou comigo, e eu senti um nó na garganta,
Mesmo assim continuei, fui até o fim, por ele.
Aprovação no vestibular...
Nunca vi meu pai tão feliz! Ele pulou, gritou aos 4 ventos que a filha dele havia sido aprovada,
Que eu havia conseguido, mas foi ele que conseguiu, conseguiu fazer de mim alguém que não desiste,
Alguém que busca sempre o seu melhor.
E é isso que eu quero ser, o melhor pra ele, sempre,
Porque é isso que ele é pra mim, o melhor pai do mundo.
Mesmo com todos os 'desentendimentos', eu sei que tudo que ele faz é pro meu bem,
Algumas vezes ele erra, mas ele é humano, tem esse direito, e eu entendo.
Porque eu to escrevendo tudo isso? Saudade.
Bateu saudade de deitar naquele colo, ouvir histórias e dormir tranquila,
E hoje é diferente, ele é quem esperar ouvir minha voz pra dormir tranquilo,
Espera saber que eu estou segura em casa pra se sentir em paz.
Ele é meu porto seguro, meu orgulho, meu pai.
O meu amor eterno.
Muita coisa tá mudando, e muitas outras irão mudar,
Eu vou sair do seu ninho, vou aprender a voar sozinha,
Vou conhecer muitos lugares, tem um mar de coisas pra viver,
Mas ele sempre será minha morada predileta,
Minha pista de pouso, meu ancoradouro.
Isso sim, permanecerá intacto.
2 comentários:
Sinto muito, mas você é uma escritora de mão e coração cheios!
Me emocionei em cada palavra, imaginei todos esses momentos ditos...
Pai é tudo, né verdade?
Beijo linda.
amor, blog novo aqui.
te amo.
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