Ela tava por aí, querendo abraçar o mundo de todas as formas, mas sem se prender a ninguém;
Ele tava ali, levando a vida como sempre fez, se prendendo só a quem não lhe prendia tanto assim.
Não sei ao certo o motivo, mas alguma coisa naquela indiferença chamou a atenção daquela que nem sempre foi tão atenta assim... E ela quis ter a atenção dele.
Mais do que isso, ela quis ser o foco da atenção dele, nem que fosse por alguns instantes.
Mas as coisas não saíram como ela planejou, se é que ela planejou alguma coisa, e ela não tinha tempo pra esperar o roteiro se ajustar, ela tinha urgência em viver todos os capítulos da sua história.
Esqueceram de avisar pra essa moça que a vida tem dessas coisas, que as pessoas entram e saem de cena quando menos esperamos, sem aviso prévio ou substituição de personagens, e é preciso jogo de cintura pra lidar com as mudanças, é preciso entrega pra se jogar, pra pagar pra ver, pra seguir adiante.
A vida seguiu.
Ela tava lá, abraçando quem chegava pedindo seu abraço, porque ela cansou de buscar esse "não sei o que, não sei onde", e decidiu aceitar aquilo que os dias lhe traziam;
Ele continuava por lá, esperto, atento, solto, mas parecia querer fazer ela se prender nas suas sutis armadilhas.
Acho que ele não esperava que ela fosse se esquivar com tanta maestria das suas táticas -quase- infalíveis.
Mas é que também esqueceram de avisar a esse moço que a vida ensina, e que ela aprendeu.
Ela aprendeu que antes de ser dele, ou de qualquer outro, ela precisava ser inteiramente dela mesma. Ela precisava saber que, na verdade, não é de ninguém.
Ela é das suas vontades, dos seus sonhos e desejos. Só ela entende a confusão em que às vezes se transforma.
Assim como um quarto, que quando tá bagunçado só quem habita nele sabe encontrar o que precisa, é aquela moça.
E agora eles estavam aqui, juntos, abraçados. Sem pensar no mundo ou em outros abraços, sem se prender, mas não querendo se soltar. Entregues, plenos, sem antes ou depois, só agora.
Ela foi pra lá;
Ele foi por aí.
A vida seguiu.